Foto de Alvaro Garcia, Jornal "El Pais"

Relação completa entre os personagens de "Tristan e Isolde"

Refletir sobre a relação entre os personagens do nosso momumental « Tristan und Isolde » contribui para uma melhor e mais profunda interação com a obra. Construir uma análise astrológica é algo que me atrai, justamente por lidar com a dualidade, com a questão da oposição, da complementação, algo que é frequente em “Tristan”. Vejam a figura abaixo, analisando-a pelos eixos dos opostos complementares:

Começaremos esclarecendo o signo de Áries, pois é o que inicia o zoodíaco, é o que representa o desbravador, o herói (mártir geralmente), a ação em si. Ai encontramos Morold ( e em partes, também Tristan, pois Áries é regido pelo planeta Marte, que também é co-regente de Escorpião). Enquanto oposto complementar temos Isolde no signo de Libra, regido por Vênus, a Isolde “noiva”, a princesa que aguarda seu herói, que conhece as artes de sua mãe, que vive nos padrões impostos pela corte na qual ela habita.

Porém nossa história começa já no signo de Touro, e claro, com Isolde. Touro também é regido por Vênus, porém a Vênus em Touro “perde” em diplomacia e “ganha” em obstinação. É a Vênus que seduz, que quer ter, controlar, dominar à situação. Ela vai até o fim para atingir seu objetivo: Escorpião, logo, Tristan. Escorpião, que é co-regido por Marte mas principalmente pelo planeta Plutão, planeta da magia, da destruição, da transmutação, das potências que cada espírito porta em si, muitas vezes inconscientemente. Isolde já rompeu com o convencionalismo libriano quando, através do olhar de Tristan, descobriu que o verdadeiro Amor é incondicional, ou seja, no nosso mundo de relações de tempo e espaço, regido por condições, esse Amor não tem espaço (o olhar é regido pelo planeta Urano, acesse o texto aqui) . Tristan, o fruto da tristeza, que porta naturalmente as características plutônicas, que re-ganhou a vida das mãos de Isolde, ainda é um servidor do “dia”, da falsa luz, das convenções.

Ele é também o signo de Capricórnio com sua regência Saturnina, o qual falaremos mais adiante.

No eixo de Áries e Libra temos signos cardinais, são os que iniciam, a base, os princípios. No eixo Touro e Escorpião temos os signos fixos, onde a história acontece, a carga pesada e mal resolvida que busca uma solução, e no eixo de Gêmeos e Sagitário, signos mutáveis, temos os que ajudam a sustentar a trama, os que dão as chaves, os apoios, os que fazem circular a energia, que dão movimento na busca para uma resolução.

No signo de Gêmeos encontramos Kurvenal, Melot e Brangaine. Todos portam as características do planeta regente, Mercúrio, são eles os que levam informações, preparam ambientes, seja uma emboscada ou uma colaboração para cada situação. Apesar de Brangaine e Kurvenal terem fortes características de um Mercúrio no signo de Virgem, pois são fiéis servidores de seus respectivos “mestres”, o comunicativo, conector e dinâmico Mercúrio em Gêmeos o descrevem bem, tendo como complemento o grande Rei Marke, que encontra aqui a representação de seu bom nobre coração, jupiteriano, típico do signo de Sagitário. É o Rei Marke no 3° Ato.

A complexidade de Isolde e Tristan ocupam também a relação entre os signos que são o grande eixo vertical da mandala astrológica, a coluna vertebral, o eixo Câncer e Capricórnio. Junto com Áries e Libra, são os eixos que representam a cruz da vida, o espírito crucificado na matéria encontra ai o ponto que o aprisiona, e sabendo olhar para si mesmo, encontra também a chave da libertação. Isolde esta presente tanto em Libra quanto em Câncer, é a única presente nos 2 eixos cruciais do zoodíaco. É ela que, espelhando-se no próprio Tristan, encontrará e entregará à ele à chave de sua libertação. Câncer é a natureza interior, as emoções, a imaginação, a mãe de quem Isolde herdou o conhecimento das Artes, os ciclos da vida, as alternâncias, sejam das marés ou dos humores de cada um. Regido pela Lua, Câncer é a representação da alma. é o que porta aquilo que extraimos dessa vida e que enriquecerá nosso caminho enquanto espírito; é Isolde. Ela que vivencia as mais variadas sensações no grande navio de Tristan no primeiro ato, ela que nos esclarece a história, ela, a emoção que busca a razão: Tristan, Capricórnio e seu regente Saturno, o planeta da dor. Saturno é castrador, limitativo, difícil, pesado, é a razão que castra as emoções, é o que mantém a ordem, o “status quo”. É o topo da montanha, a solidão, o raciocínio lógico, a realidade. Porém no mais alto nível é o Sacrifício, o acreditar, a fé inabalável, o exemplo em si mesmo, é o Mártir como o Marte (em Áries) porém consciente.

O que transforma Tristan em uma nobre alma é justamente o efeito espelho que encontramos no eixo Leão e Aquário, onde temos o Rei Marke e Tristan, Marke é aqui o signo de Leão, a compaixão, a lealdade mesmo que não correspondida como esperado pelo seu fiel Tristan, e é também, quando complementa-se ao signo altruísta de Aquario, são ambos, Tristan e Marke, também o amor. Um amor ainda egóico que mesmo Tristan só vai aprender a ir além desse amor no 3°Ato. Amor que aprende ainda mais que amar ao próximo, que vai ao encontro do amor pela humanidade: é aquele que aprendeu a amar o Amor por si só. Leão é o signo do “Eu sou”, em Aquário, através do amor altruísta chega-se ao “Eu amo”. E ponto.

E toda nossa história acontece no eixo do destino maduro, da dívida kármica que cada um assume consigo mesmo, no eixo de Virgem e Peixes. Serviço e Sacrifício tornam-se um só. E lá temos o reino do dia, no signo de Virgem, e o reino da noite, no signo de peixes. O Reino do dia que é o reino da falsa luz, o que serve como cenário para as convenções impostas pela sociedade, onde a luz produz sombras, mundo de aparências e ilusão, é o consciente limitativo, com regras castradoras, mundo da pluralidade, é o mundo onde se “vive”, porém “morto”, mas é no reino do dia que os amantes encontrarão os elementos para a purificação, é na luz do dia Tristan se lança sobre a espada de Melot, e na mesma luz que teremos o “Liebestod”, a morte de amor de Isolde. Mas o reino do dia opõem-se ao reino da noite, da luz interior, a luz espiritual, o brilho que só percebemos se sairmos da falsa luz, a verdadeira realidade enquanto essência, a união mística, o inconsciente, o mundo original (absoluto) onde “morre-se” para viver, onde após a purificação teremos o sacrifício.

De qualquer forma Tristan e Isolde não buscam a morte física, buscam esse mundo mágico do Reino da Noite, que escapa da relação entre tempo e espaço. Peixes, o reino da noite, regido pelo místico e transcendente planeta Netuno, vai ter seu oposto complementar em Virgem, o reino do dia, regido por mercúrio (assim como gêmeos) que transita nos mais diferentes níveis para que tenhamos o ordinário servindo como a base para o extraordinário acontecer.

O olhar... a chave para entender o amor entre Tristan e Isolde

Uma das chaves para chegar ao coração de Tristan e Isolde é refletir a respeito do significado do olhar.

Os olhos são um dos órgãos bem complexos do ser humano, e por isso é regido pela influência de vários planetas: Urano, Sol, Lua, o signo de Áries e as estrelas fixas Ascelli (em Leão) , Antares (em Sagitário) e Plêiades (em Touro).

Porém o olhar, podemos atribuí-lo a Urano. Os símbolos que compõem as representações planetárias são 3: o círculo, o semi – círculo e a cruz. Partindo do princípio que o próprio símbolo de cada planeta já indica suas principais características, teremos, em termos gerais, no círculo uma relação com o espírito, pois é a mais perfeita forma geométrica (completo em si mesmo, sem começo e nem fim), representa a totalidade, a dimensão espiritual; na meia-lua uma relação com a dimensão da alma, pois é como um recipiente que recolhe a essência de cada experiência, onde encontra-se e desenvolve-se talentos; e na cruz uma relação com a matéria, com o corpo humano, a cruxificação do espírito no plano terrestre. Veja a tabela completa abaixo:

Podemos observar que URANO é o único planeta que porta todos os símbolos, incluíndo as 2 meias luas, ou seja, porta o espírito, a alma (sendo a própria lua, porém aqui as meias luas opostas) e a cruz. Ou seja, o olhar é um portal de acesso ao que há de mais puro e profundo em cada ser.

Foi quando Tristan e Isolde acessaram um à alma do outro que tudo começou, pois através do olhar, através de Urano, foi possível uma comunicação e um reconhecimento entre suas almas. Urano oferece mais do que um “acesso”, mas sim uma revelação, quando, claro, se tem “a nota chave” de acesso para cada ser, ou seja, quando existe Amor.

Waltraud Meier canta "Wesendonk lieder" no Festival Saint Denis à Paris

Querida Waltraud, que privilégio ter participado deste maravilhoso recital: ouvi-la cantar na grande Catedral de Saint Denis (proximo à Paris) um repertorio maravilhoso , as "Wesendonk Lieder", canções do nosso querido Richard Wagner, que encantam nossos corações... Contando ainda com a poesia e interação que Waltraud Meier cria com a musica, o ambiente e tudo que inspirou a composição dessas lindas canções, é claro que tivemos uma noite inesquecivel! Se era permitido filmar ou não, eu não sei, mas confesso que não quis saber... precisava registrar esses momentos para compartilhar com todos mais alguns momentos com essa "nobre alma" que tem a divina missão de transmitir as sutilidades e a magia que porta cada melodia da obra de Richard Wagner! Mais uma vez...obrigada Waltraud!

Tristan und Isolde: Relações astrologicas entre os personagens

E ai esta Tristan und Isolde, a obra que trabalha e trabalha em meus pensamentos ultimamente… primeiramente gostaria de abordar algo que acho fundamental : compreender a força do personagem de Isolde! Isolda porta uma força espiritual pronta para transcendência, ela é a unica pronta para ir até o fim! A tempos que estudo a tematica dos personagens de "Tristan e Isolde", e fiz uma relaçao de todos os personagens com a mandala astrologica, com os signos do zoodiaco, pois creio que ajuda a compreender caracterisitcas intrinsicas dos personagens, porem que pequenas nuances seja do texto ou da musica deixam claro, e achei incrivel como complementa-se perfeitamente com as bases astrologicas. Falarei primeiramente dos nossos protagonistas. Podemos fazer uma relação entre Isolde e o signo de Touro (regência pelo planeta Vênus) e o signo de Câncer (regência pela Lua). Isolde porta a fragilidade mas também a coragem e determinação, fala de sentimentalismos, das emoções mas com uma convicção completamente racional, ou seja, pronta para encontrar o seu complemento, e ainda mais, ja encontrou: o signo de Escorpião (regência por Marte e Plutão) complemento do signo de Touro e o signo de Capricornio (regência por Saturno) complemento do signo de Câncer. Onde temos as caracteristicas de Tristan, aquele que é o fruto da tristeza de sua mae, aquele que teve que vencer o grande gigante da Irlanda, aquele que teve que sacrificar seus sentimentos para entregar a mulher amada ao tio, que ele também tanto ama, aquele que o dever e os convencionalismos para manter tudo em ordem e sobre controle fala mais alto. Porém a relação dos signos complementares Touro - Escorpião, que indicam uma relação do ter (usar) versus possuir, de superficialidades versus profundidade, do amor versus morte, da magia versus a alquimia, da aparência versus a transcendência, da paixão versus desejo; e dos signos complementares de Câncer - Capricornio, estrutura familiar versus estrutura mundana, estrutura de base versus projeçao de vida, grandes objetivos, emocional versus racional, serenidade versus inquietaçao, enfin, todas essas relações são trabalhadas em algum nivel pelos personagens e justamente o fruto, que é extrair o maximo dessas relaçoes buscando o devido equilibrio entre elas, sera a historia dos nossos queridos "Tristan und Isolde". Qualquer semelhança com nossa vida "real" não é mera coincidência! (continua)
A roda Astrologica proporciona uma melhor visualização da relaçao de oposição e complementação:

Isolde de Patrice Chéreau: "humana, terrivelmente humana"

Hoje estava revendo a montagem do "Tristan und Isolde" que abriu a temporada do Scala de Milao em dezembro/2007. Quando tive a oportunidade de assistir ao vivo pela televisao lembro que gostei muito, apesar de ter achado o final um "espanto" (todo aquele sangue saindo da Isolde!! pra quem nao lembra, confiram o video!)
Porém hoje, revendo com mais calma, e com mais atenção à montagem, me ficou mais evidente a montagem "humana, terrivelmente humana" do Patrice Chéreau. Achei que em termos de cenario estava até aceitavel, estilo tradicional, um tanto frio, porém que Isolde humana que ele criou! E claro, Waltraud Meier, que tem o dom de entender exatamente o que o diretor de cena quer transmitir, conseguiu canalizar toda sua "força" para tornar-se fragil e sensivel! é um ponto de vista, sem duvida, mas não consigo ver Isolde quase chorando no primeiro ato! Prefiro partir do principio que ela, inconformada e transtornada, pelo fato de Tristan, que matou seu noivo, porém que ela o ama em segredo, esta levando-a para casar com seu tio! Ela, a princesa da Irlanda, que tem conhecimento das artes de "tirar e dar a vida" com a magia de seus balsamos, esta no minimo irritadissima e querendo satisfaçoes! nao é momento de fragilidades! Sem contar que Isolde, desde o principio, ela esta pronta para morrer, pronta para o sacrificio, para ir até o fim! Nesse ponto que acredito que os diretores de cena influenciam muito na propria compreensão do publico, pois podem agregar ou transfomar mesmo caracteristicas basicas dos personagens. Acredito que Patrice Chéreau "despersonalizou" Isolde com essa montagem, sendo que, no final Isolde so poderia "rachar no meio" mesmo! Acho otima a ideia de trazer o mito para a nossa realidade, mas acho que tratando-se das obras wagnerianas somos nos, humanidade, que devemos nos elevar à altura dos mitos! quem de nos tem a determinaçao de Isolde para ir até o fim, seja no que for?